Por Seth Augenstein, repórter digital da revista Forensic Magazine
A tecnologia forense de DNA tem explorado progressivamente o genoma humano de tal forma que atualmente permite aos cientistas estabelecer o sexo, a raça, a cor dos cabelos e dos olhos bem como características físicas variadas a partir de uma pequena amostra. Mas agora, de acordo com uma pesquisa publicada recentemente na revista belga Epigenetics, a idade de um indivíduo também pode ser determinada a partir de amostras extraídas do sangue e dos dentes (e as agências policiais europeias já estão implorando para usar esse método).
E "a técnica pode ter um uso importante em exames forenses do futuro (...)", disse um dos cientistas à Forensic Magazine. De acordo com a equipe da KU Leuven, a Universidade Belga onde esse projeto foi desenvolvido, o DNA possui um processo de expressão gênica conhecido por metilação que, gradualmente muda, ligando ou desligando genes selecionados ao longo da vida de um indivíduo.
Usando cerca de 200 nanogramas de DNA para cada teste de determinação de idade, a equipe descobriu que existe uma margem de erro de 3,75 anos no caso de amostras de sangue e de 4,86 para as amostras extraídas de dentes. "Aproximadamente 80% das estimativas estavam dentro do intervalo de cinco anos, mais velhas ou mais jovens (...)" acrescentaram os pesquisadores. "O erro de previsão é menor entre os indivíduos mais jovens e aumenta com a idade (...)", disse Bram Bekaert, um dos autores do trabalho; “(...) isso é, provavelmente, devido ao efeito do ambiente no epigenoma. Quanto mais tempo as pessoas vivem, mais tempo o epigenoma é influenciado pelo ambiente e, consequentemente, maior será o nosso erro.” Completou.
Mas as agências policiais na Bélgica já manifestaram interesse em usá-lo em casos específicos, incluindo casos inconclusivos, disse Bekaert. “Nós estivemos em contato com vários departamentos de polícia na Bélgica e eles estavam ansiosos para testá-lo em vários casos”, complementou. “E, de fato, este novo ensaio pode ajudar a criar um perfil fenotípico melhor de um suspeito ou de uma vítima, por exemplo, em combinação com o ensaio de morfologia facial de nossos colegas da KU Leuven ou com qualquer outro teste de determinação fenótipo.”
O estudo causou uma agitação internacional. A empresa que comercializa uma importante tecnologia de fenotipagem facial nos Estados Unidos, a Parabon, contratou recentemente um artista forense para ilustrar aspectos como a idade e o índice de massa corporal, que antes não estavam disponíveis a partir de amostras de DNA, mas que agora, a partir da nova ferramenta, poderiam tornar as reconstruções faciais ainda mais precisas. "Este artigo relata o quanto mais precisos tornaram-se os exames para estimativa da idade a partir de amostras biológicas, e estamos entusiasmados com as possibilidades que isso poderá trazer para o campo da fenotipagem do DNA, ou seja, na medida em obtivemos a idade atribuímos as respectivas características às nossas imagens compostas", disse Steven Armentrout, CEO da Parabon.
Mas o trabalho da KU Leuven é apenas o começo. Bekaert disse que um estudo usando swabs (cotonetes) bucais está próximo. "Eles também estão pensando em começar a empregar o testes de metilação em ossos, saliva, espermatozoides e amostras de contato com a pele (...)." Disse Bekaert.
"Também existe o interesse em diminuir a quantidade de material genético necessário para a realização dos exames (...)" acrescentou. "A amostra de 200 ng é aproximadamente o que você encontrará em um pequeno ponto de sangue, por exemplo, numa moeda de 1 Euro", disse Bekaert. "O gargalo é a etapa de conversão do bissulfito, mas estamos confiantes de que poderemos diminuir a quantidade [de amostra] necessária em um futuro muito próximo".
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