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Foto do escritorRita Hernandes

A história de Samuel Armas: A “Mão da esperança”


No Brasil, o aborto é considerado um crime, com penas previstas de 1 a 3 anos de detenção para a gestante, e de 1 a 4 anos de reclusão para o médico ou qualquer outra pessoa que realize em outra pessoa o procedimento de retirada do feto. Porém, não é qualificado como crime quando ocorre naturalmente ou quando praticado por médico capacitado em três situações:

· Em caso de risco de vida para a mulher causado pela gravidez,

· Quando a gestação é resultante de um estupro;

· Se o feto for anencefálico.


A discussão sobre a legalização, ou não, dessa prática é inflamada, de um lado existe o argumento que a proibição fere direitos previstos na Constituição, como o direito à dignidade, à cidadania e à vida. Por outro lado, há os que defendam que a vida é inviolável em qualquer estágio.


O fato é que anualmente mais de 15.000 mulheres são internadas em decorrência de aborto provocado, sendo que aproximadamente 5.000 em estado grave. Em números oficiais, ocorrem em média 300 mortes por ano, devido a esse procedimento, mas extraoficialmente esse número chega quase a 800 (muitas vezes o laudo necroscópico acusa morte por infecção generalizada ou peritonite, sem citar que essas causas estavam relacionadas a um aborto).


Nos Estados Unidos, essa prática é legal em todos os Estados desde 1973. Apesar disso, Julie Armas, uma enfermeira de 27 anos de idade à época, rechaçou a possibilidade de aborto quando seu filho foi diagnosticado com espinha bífida, uma síndrome na qual a coluna vertebral em formação não fecha, deixando a medula exposta e afetando seriamente funções motoras. A doença é considerada rara, pois registra-se em torno de 1 caso a cada 1.000 nascidos-vivos. O diagnóstico da espinha bífida é feito através de ultrassonografia morfológica a partir da 16ª semana de gestação.


Os pais receberam a proposta de escolher entre um aborto ou um filho com sérias deficiências. Antes de se deixar abater, o casal buscou por uma solução por seus próprios meios e encontraram um site que oferecia detalhes sobre uma cirurgia fetal experimental, desenvolvida por uma equipe da Universidade de Vanderbilt. E começaram uma corrida contra o tempo.


Dado que esse problema afeta a espinha dorsal, a malformação pode levar a uma lesão cerebral, gerar diversas paralisias e inclusive uma paralisia total. Entretanto, se pudesse ser corrigida antes do nascimento, haveria muito mais opções de cura. Embora o risco fosse grande e o bebê não pudesse nascer nesse momento, o casal decidiu se arriscar e fazer a cirurgia inovadora.


O resultado você, provavelmente, já viu pela internet, a foto de um bebê que agarrou a mão do médico dentro do útero materno, durante a cirurgia. Esse momento aconteceu há 20 anos e muita gente se pergunta até hoje se o registro é mesmo verdadeiro, ou se trata de uma montagem.


No dia 2 de dezembro de 1999, nascia o bebê Samuel Alexander Armas que já era conhecido pelo mundo todo como a "Mão da Esperança".

O motivo desse sucesso ocorreu no dia 7 de setembro de 1999, quando o jornal USA Today divulgou uma fotografia do pequeno braço de Sam, completamente para fora do útero da sua mãe, segurando a mão de seu cirurgião, o Dr. Joseph Bruner.


No momento em que a imagem foi tirada, em 19 de agosto de 1999, a equipe de médicos estava realizando um procedimento histórico: uma intervenção cirúrgica em um bebê de apenas 21 semanas de gestação. A foto foi feita pelo fotógrafo Michael Clancy, que estava fazendo a cobertura de uma comissão especial para o jornal.


Em sua página, o fotógrafo relembra o momento: "Estava fazendo o registro a cirurgia quando, para testar os reflexos do feto, o doutor Bruner retirou o braço do bebê e levantou sua pequenina mão, que reagiu e apertou o dedo do médico como se quisesse provar a sua força. Nesse momento tirei a foto!”, recordou Michael. Tudo ocorreu tão rápido que, quando uma das enfermeiras lhe perguntou o que havia acontecido, ele explicou que o bebê havia apertado o dedo do médico, ela falou com naturalidade que os bebês “fazem isso o tempo todo”, sem dimensionar ainda a magnitude daquele momento. A imagem se tornou ícone da defesa da vida no ventre materno.


Atualmente, Samuel tem 19 anos e mora em Douglas County, próximo a Atlanta, no estado da Georgia, nos Estados Unidos. Apesar de usar aparelhos em suas pernas para auxiliar caminhadas e cadeira de rodas para percorrer longas distâncias, o garoto ama nadar e jogar basquete.


Ele também tem mais dois irmãos, Ethan (15) e Zachary (12). O irmão caçula também nasceu com espinha bífida, mas não pôde ser operado porque o procedimento experimental, que foi desenvolvido pela Universidade de Vanderbilt, está sob responsabilidade dos Institutos Nacionais de Saúde e Zachary não foi selecionado entre os beneficiários.


Recentemente, Sam disse em uma entrevista que "Se não tivesse nascido com espinha bífida, não conheceria tantas pessoas que hoje conheço e não teria basquete em cadeira de rodas, o qual mudou completamente quem sou eu. Poderia pensar que a espinha bífida é uma desvantagem, mas agradeço a Deus por isso todos os dias", revelou.


Ao recusar a possibilidade de interromper a gravidez, Julie Armas ressalta a importância da foto de seu filho na causa da defesa da vida e contra o aborto: "Queríamos mostrar o valor da vida de nosso filho, com deficiência ou sem ela, e que faríamos algo por ele porque o valorizamos. Conseguimos o que queríamos".



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13 Comments


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