Hoje falaremos sobre um outro aspecto da morte, aquele que pode significar a continuidade da vida para outra pessoa, com a doação de órgãos.
As questões que envolvem a doação de órgãos no Brasil ainda precisam ser melhor assimiladas pela população. Mesmo com as frequentes campanhas que incentivam a doação, parece haver um abismo que separa as pessoas que precisam de um órgão daquelas que podem doar. A recusa de doação de órgãos no Brasil é um problema grave, segundo o jornal Estadão, quase metade das famílias diz “não” à ela.
A cirurgia de retirada de órgãos e tecidos de doadores cadáveres só é realizada caso a morte cerebral seja confirmada, e a família do paciente autorize o procedimento. Nesse caso, não há qualquer custo para os envolvidos, A taxa de não autorização familiar, como já dissemos, é bastante elevada, ficando com a média nacional de 44%. O Paraná foi o estado com a menor taxa de recusa, de 30%, enquanto em vários outros estados esse índice esteve em torno de 70%, segundo dados do RBT – Registro Brasileiro de Transplantes.
Coração, fígado, intestinos, pâncreas, pulmões, rins, córneas, pele, ossos, valvas cardíacas e tendões fazem parte da lista de órgãos e tecidos que podem ser doados.
Conheça agora 10 fatos importantes sobre esse assunto:
1. Tipos de doador
Existem dois tipos de doador de órgãos:
- Doador vivo (qualquer pessoa saudável que concorde com a retirada de órgãos múltiplos, desde que não haja prejuízos para sua saúde);
- Doador cadáver: Pacientes com morte cerebral -geralmente vítimas de traumatismo craniano ou derrame cerebral que mantém as funções vitais apenas com a ajuda de aparelhos.
Independente do histórico médico, pessoas de todas as idades são potenciais doadores. A condição médica no momento da morte é o fator determinante para a doação ser feita.
2. Transplante X doação de órgãos
A doação acontece quando há remoção de um órgão de um indivíduo, morto ou vivo, com a devida autorização, seja da própria pessoa ou de seus familiares.
Já o transplante é o ato de implantar o órgão, membro, tecido ou célula retirado de um doador, para que sua função original seja restaurada no receptor.
Os órgãos mais transplantados são pulmão, pâncreas, rim, fígado, intestino, estômago, medula óssea, ossos, pele, coração e córneas. Rins e medula óssea são os órgãos mais doados por vivos.
3. O tempo é determinante
Alguns órgãos devem ser retirados do doador antes da parada cardíaca e outros podem ser captados depois, mas em todos os casos o tempo é fator crucial.
As córneas devem retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias; coração e pulmão também devem ser captados antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas; os rins, quando doados por um cadáver, podem ser retirados até 30 minutos após a parada cardíaca e sobrevivem fora do corpo até 48 horas; fígado e pâncreas devem ser retirados antes da parada cardíaca e aguentam até 24 horas até serem implantados; ossos são captados até seis horas depois da parada cardíaca e podem ser transplantados até cinco anos depois.
4. Critérios da lista de espera
Ordem cronológica e urgência nos transplantes são as únicas regras a serem seguidas pelos organizadores das listas de transplantes. Mas como toda regra tem sua exceção, a gravidade de algumas doenças de fígado e pacientes menores de 18 anos podem ter prioridade em alguns casos.
5. Volumes de doação
De acordo com o RBT – Registro Brasileiro de transplantes, no terceiro trimestre de 2018 (julho a setembro), houve uma estagnação na taxa de doadores efetivos, em relação ao primeiro semestre. Embora tenha havido aumento de 1,2% na taxa de notificação, houve diminuição de 1,8% na taxa de efetivação da doação, que caiu de 33,3% para 32,7%.
O Paraná, com 109 potenciais doadores notificados, teve 45% de taxa de efetivação. Santa Catarina, com 81,5 potenciais doadores, obteve taxa de efetivação de 48%.
Esses dois estados brasileiros distanciam-se dos demais, e devem ser vistos como modelos a serem seguidos.
6. Volume de transplantes
Com relação aos transplantes de órgãos, em relação a 2017, houve diminuição nos transplantes renais
(2,4%) e cardíacos (6,6%), e aumento nos transplantes de pâncreas (24,1%), pulmão (11,6%) e fígado (1,1%).
Também foram registrados três transplantes multiviscerais realizados em São Paulo.
7. Sangue
Poucas pessoas sabem, mas a transfusão de sangue também é considerada transplante. Aliás, esse é o transplante mais comum no mundo. A transfusão é feita quando doador e receptor têm tipagem sanguínea igual ou compatível.
8. Fígado
Apesar da longa espera, o transplante de fígado intervivos é relativamente comum. Isso porque este é o único órgão do corpo humano capaz de se regenerar. No doador, cerca de 75% de seus tecidos se renovam após a retirada de parte do órgão. Fora do corpo, o fígado aguenta até 24 horas.
9. O milagre da multiplicação
Se todos os órgãos de um doador com morte encefálica forem aproveitados, 25 pessoas são ajudadas.
10. Último ato
Na China, prisioneiros condenados à morte são obrigados a doar seus órgãos.
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